o trabalho de Maria Filomena Mónica.
No prefácio de seu livro “Mais Diários de uma Sala de Aula”, que Maria Filomena Mónica assina com António Araújo, os autores referem as diferenças entre o ensino público e o privado, e os problemas que cada tipo de escola pode representar para as crianças: “Mantendo-se tudo como está, as escolas dos pobres serão inevitavelmente guetos de onde é difícil sair e as dos ricos aquários onde os meninos só vêem uma parte do mundo. Se as escolas públicas forem boas, os filhos do pobres poderão, até certo ponto, sair do círculo de miséria em que estão encerrados.” Para evitar mal-entendidos, a socióloga esclarece à partida que estudou a escola pública porque a quer melhor. “Os pais que não se convençam que aquilo só se passa nas escolas públicas. Conheço miúdas das privadas que me fariam relatos igualzinhos ou piores”, ressalva. E o que nos mostram os relatos que se estendem por aquelas centenas de páginas é o de uma escola de massas que perdeu a oportunidade de funcionar como “elevador social” das classes mais desfavorecidas. “Nos anos a seguir ao 25 de Abril, acreditava-se que a escola devia servir de instrumento de mobilidade social. A prova de que isso não funcionou é que continuamos com a maior taxa de desigualdade social da Europa: o rendimento médio dos 20% mais ricos é sete vezes superior ao dos 20% mais pobres, enquanto a média europeia é de quatro”, argumenta. Maria Filomena Mónica é licenciada em Filosofia pela Universidade de Lisboa (1969), e doutorada em Sociologia, pela Universidade de Oxford (1978). É autora de vários livros de carácter histórico e sociológico. Em 2009, era investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
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